Fatores que impactam o sono da mulher com meus comentários

• Alterações hormonais ao longo da vida 

Nossos hormônios se alteram por natureza, toda semana, ou seja, já dançamos de cara.

• Ciclo reprodutivo, como puberdade, gestação e menopausa 

Ser mulher… é sobre isso. 

• Fatores psicossociais como estresse e ansiedade 

Morar no Brasil, São Paulo capital, trânsito, boletos, poluição, insegurança…lista infinita.

• Sobrecarga de trabalho e responsabilidades familiares

Workaholics, jornada dupla e mães solteiras já dão check-mate nessa categoria.

Ou seja, temos biologicamente e socialmente todos os motivos para ter problemas com o sono. A questão é que essa dificuldade não se resolve a noite, como já vimos na seção Iniciantes. 

Precisamos saber gerenciar o estresse do dia a dia e criar novos hábitos e rotinas que nos ajudem a ir para a cama cansadas (isso é fácil) e relaxadas (não é nada fácil).

Mas, fundamental mesmo é que sejamos amigas íntimas do nosso ciclo menstrual, tipo BFF, pois ele é nosso melhor termômetro de saúde. Se você tem alguma questão com seu ciclo procure uma profissional de preferência da medicina integrativa, pois ela não tratará somente dos sintomas que você tem, mas sim, fará uma averiguação de você como “pessoa”, não de você como “diagnóstico”. Entende?

Paralelamente, vai checando como estão os demais pilares da saúde: alimentação, atividade física e silêncio (yoganidra ajuda aqui).

Tem uma matéria muito legal sobre yoganidra na seção “Praticantes” do blog.

Bom, separei abaixo uma matéria muito interessante e atualizada, sobre o Sono da Mulher. Deleitem-se!

“Entre os problemas de sono que atingem as mulheres ao longo da vida, a insônia destaca-se pela alta prevalência em comparação com o público masculino. Na menopausa, ela pode atingir até 50% das mulheres.

Uma metanálise com 29 estudos com homens e mulheres mostrou que realmente existem diferenças entre os sexos com a maior prevalência da insônia no público feminino. “Sintomas como a dificuldade para iniciar e manter o sono são mais frequentes na mulher. As pacientes mais idosas tiveram mais sono não reparador, despertar precoce, dificuldade de iniciar e manter o sono”, conta Dra. Rosa Hasan, médica neurologista e especialista em Medicina do Sono.

Já outro estudo indicou que as diferenças de prevalência da insônia entre os sexos masculino e feminino emergem na adolescência, sendo que na puberdade a porcentagem geral de insônia nas meninas (3,6%) é maior do que nos meninos (2,2%) com mais dificuldade de iniciar e manter o sono, enquanto o despertar precoce é similar. 

Por que mulheres são mais insones? Entre as prováveis causas da maior preponderância d a i n s ô n i a n a m u l h e r estão aspectos biológicos, a m b i e n t a i s e s o c i a i s, além de fatores genéticos com menor importância.

As mudanças hormonais que acontecem na puberdade e, posteriormente, na menopausa, podem estar associadas aos problemas com o sono. “Diferenças hormonais entre progesterona, estrógeno e testosterona podem influenciar no início e manutenção do sono”, explica Dra. Rosa. Publicações ressaltam as diferenças dos sexos nos ritmos circadianos e temperatura corporal, além da questão do ciclo menstrual feminino c o m a l t e r a ç õ e s  d e  t e m p e r a t u r  a corporal que afetam o ritmo do sono. 

Outro ponto é que as mulheres parecem ter um sistema nervoso mais propenso a ficar em alerta para acordar, amamentar e cuidar dos bebês. “Ainda não sabemos ao certo, mas existe algum aspecto biológico da natureza que faz com que elas tenham um sono mais leve e essa susceptibilidade favorece a insônia”, diz. 

Aspectos ambientais e psicossociais exercem forte influência no sono da mulher, uma vez que ela precisa desempenhar múltiplas tarefas, como mãe, dona de casa e profissional, gerando sobrecarga de trabalho e estresse. “Estudos mostram que elas têm maior vulnerabilidade à exposição dos estressores do dia a dia. Sabemos que elas têm mais depressão e transtornos ansiosos”, analisa Dra. Rosa. 

Em relação à suscetibilidade genética, estudos mostram que a mãe é o familiar mais afetado pela insônia, sendo que filhos de mães insones têm mais chance de desenvolver o problema do que quando o pai é insone. “Isso postulou que a tendência à insônia poderia ser passada pelo DNA materno para o filho ou até por questões comportamentais”, analisa a neurologista. Já um estudo com gêmeos idênticos e não idênticos revelou um índice de 40% positivo para a herdabilidade genética da insônia.  

Influência hormonal 

A médica ginecologista Dra. Helena Hachul, pesquisadora do Instituto do Sono, responsável pelo Setor de Sono na Mulher da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, reforça que as mulheres experienciam o sono de maneira diferente dos homens devido às mudanças que ocorrem com os ciclos biológicos.

Isso acontece a partir da puberdade e durante as fases do ciclo reprodutivo como na gestação, na perimenopausa e no envelhecimento. “A mulher possui uma variação hormonal ao longo do ciclo menstrual e a preponderância do estrogênio, na primeira metade do ciclo menstrual é muito nítida. A progesterona, na segunda fase, também pode impactar o sono”, comenta Dra. Helena Hachul. 

Ela lembra que na adolescência ocorre a menarca (primeira menstruação), com a maturação sexual. As mudanças de aspectos físicos e psicológicos somadas às oscilações hormonais durante o ciclo menstrual proporcionam alterações de humor, quando aumentam os riscos de desenvolvimento de insônia. 

Um estudo epidemiológico comparativo mostrou que as mulheres com síndrome pré-menstrual tinham pior percepção em relação à qualidade de sono, maior porcentagem de sono não reparador e mais queixas de insônia, em comparação com o grupo sem o problema. “Em relação à dismenorreia (cólica menstrual), outros estudos mostram que ela pode alterar o sono, pois toda dor pode levar ao despertar”, analisa Dra. Helena. A síndrome pré-menstrual pode causar cefaleia, dores musculares, irritabilidade, depressão, ansiedade, compulsão alimentar, distúrbios do sono e outros sintomas. 

Gravidez e pós-parto 

Durante a gestação é comum ocorrer diminuição do tempo total de sono, aumento de despertares e diminuição da eficiência do sono, podendo ocorrer transtornos respiratórios do sono associados a piores desfechos neonatais. “No caso das gestantes com distúrbios respiratórios do sono, estudos mostram que as pacientes que utilizam CPAP (aparelho de apnéia) apresentaram melhor desfecho neonatal com diminuição da pressão arterial sistólica e diastólica”, explica a pesquisadora. 

Outro transtorno do sono comum na gravidez, principalmente no terceiro trimestre, é a síndrome das pernas inquietas, que pode atingir até 26% das pacientes e desaparecem no pós-parto. Após o nascimento do bebê, o sono da mulher volta a sofrer novo impacto quando se torna polifásico, devido à privação de sono necessária para os cuidados com a criança. 

Menopausa com apneia e insônia

A partir dos 50 anos, na média mundial, a menopausa representa o final da vida reprodutiva feminina. A queda do hormônio estradiol nessa fase está associada a fogachos (ondas de calor), suores noturnos, diminuição da libido, alterações de humor, secura vaginal, ressecamento da pele, noctúria (necessidade de urinar várias vezes) e transtornos do sono.

 “As queixas de insônia na menopausa costumam estar relacionadas aos fogachos e à noctúria. Ainda, com a menopausa, além da perda hormonal há aumento de distribuição de gordura abdominal, corroborando para elevar a incidência da apneia obstrutiva do sono. De fato, observamos que 50% das mulheres com queixas de insônia têm apneia”, destaca Dra. Helena. 

A terapia hormonal pode melhorar a qualidade do sono. O médico deve avaliar os riscos e benefícios do tratamento para cada paciente. 

Apneia obstrutiva do sono (AOS) aumenta com a idade 

Apesar da AOS ser mais prevalente no homem, ela aumenta de forma significativa na mulher após a menopausa, com evidente piora da qualidade de vida e do sono. 

A Dra. Erika Treptow, médica pneumologista com atuação em Medicina do Sono, explica que os sintomas da AOS na mulher nem sempre são tão evidentes. “Muitas vezes elas chegam no consultório com queixas de insônia, fadiga e depressão que não são sintomas típicos da apneia”, diz Dra. Erika, que também é Pesquisadora do Instituto do Sono. 

Um estudo comparativo com homens e mulheres diagnosticados com AOS confirma esse dado, mostrando que sintomas de ronco, despertares e sonolência excessiva diurna manifestam-se de forma similar nos dois sexos. 

No entanto, mulheres apresentam significativamente maiores índices de insônia (29,5% versus 15%), fadiga (76% versus 58,1%), cefaleia matinal (63,8% versus 30,3%) e depressão (35,7% versus 12,1 %).

De acordo com a pesquisadora, achados polissonográficos demonstraram a maior manifestação da apneia obstrutiva do sono nas mulheres durante o sono REM com mais despertares e fragmentação do sono, condições que podem estar associadas com o maior risco cardiovascular feminino. “Essas mulheres costumam ter idade avançada e IMC maior, o que por si só representa um risco cardiovascular aumentado. Se juntarmos essas condições com a apneia do sono, o risco torna-se ainda maior”, conclui Dra. Erika.”

REFERÊNCIAS

  1. Revista Sono, publicação da Associação Brasileira do Sono dez. 2020
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